terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A ESPERA DO REENCONTRO

  
    Quando nos separamos  de alguém que amamos muito, chegamos a pensar na hipótese de não  continuarmos mais a viver sem essa pessoa. A vida parece má e extremamente cruel por nos separar de  alguém tão essencial á nossa existência.  Quando  o ser amado se vai, suas lembranças ficam conosco nos levando às lágrimas e muitas vezes tirando o nosso sono. Memórias que doem e machucam o coração cercam a alma e ferem os sentimentos de quem ficou cheio de amor. E para piorar, em todos os lugares e em qualquer pessoa encontramos um pedacinho do ser amado, como se ele estivesse nos cercando e insistisse em fazer parte  de todas as nossas memórias. Uma camisa no cabide, um par de meias na gaveta, um livro na estante, uma toalha no box do banheiro, um gesto espontâneo de alguém, um sorriso na face de um desconhecido, enfim,  tudo nos retoma a pessoa que partiu. O que farei sem ele?” -Perguntamos com a cabeça rodopiando. “Para que continuar vivo se não tenho mais a razão da minha vida”? - Protestamos desolados.     E por mais que nos esforcemos para pensar em outra coisa nosso pensamento teima em pairar nas lembranças do nosso ente de saudosa memória. E que saudosa memória!
   Chacoalhamos a cabeça, apertamos os olhos, mordemos os lábios e todos os nossos esforços são inúteis para evitar nossa mente a tornar a pensar no nosso amor que se foi. Oh vida cruel para quem fica!... Oh dor incomparável de quem vive a separação!...
   Ainda que vejamos o  seu corpo inerte  o confundimos com a pessoa que já não está lá. Acariciamos a carcaça gelada como se fosse a pele quente e sensível do ser que passamos a vida amando. Somos tentados a não nos desfazer de nada que pertenceu ao nosso companheiro amante como se ao nos desfazer dos seus objetos, estivéssemos desistindo de sua presença em nossa vida. Agarramo-nos a todas as lembranças como quem se segura à pessoa e não a deixa ir. Sentimo-nos mal quando choramos excessivamente, porém nos culpamos quando não derramamos lágrima alguma como se a ausência delas fosse a prova de que não o amávamos o suficiente.
   Parece que ninguém sente a nossa dor, como se ela fosse nossa propriedade particular. Fomos nós que amamos, nos devotamos e  lhe fizemos companhia, portanto, a dor é absolutamente nossa e de ninguém mais. Entendemos que haja sentimentos nas pessoas, mas nenhum se compara ao nosso.
   Não aceitamos bem palavras  de “ pêsames”, porque por mais que sepultamos o corpo da pessoa querida, sua memória  é  muito presente em nossa vida. É como se houvesse uma grande briga entre a razão e o coração. A razão nos faz chorar sua perda, enquanto o coração nos diz que  tudo não passou de um terrível sonho  e que um dia vamos acordar e estaremos juntinhos ao nosso amado.
   E esta é a maior verdade que há sobre a morte: quando amamos alguém, podemos chorar a sua ausência, mas jamais lamentarmos a sua perda. Pois a morte é uma ponte que todos os seres viventes terão de atravessar, por isso quem já passou por ela nunca dá adeus, mas até logo, pois conscientes ou não, essa fila anda e nós estamos em algum lugar nela. Haveremos de nos ver do outro lado da vida.
   Portanto, enquanto não chega o nosso dia de atravessarmos para o mundo da perfeição e incorruptibilidade, devemos nos lembrar de que apesar de não pudermos tê-lo presente lado a lado, podemos senti-lo todos os dias em forma de saudade.  Não devemos lutar contra esse sentimento que sentimos, pois ele é um hábil detector de quanto essa pessoa que partiu foi importante para nós.  Assim sendo, procuremos  nos desligar da forma e nos prender a essência, deixemos as lágrimas saudosas cair para que o tempo cure a dor da separação, e lembremo-nos de viver cada dia o seu dia, apoiados pela graça de Deus e inspirados na memória de quem tanto amamos e admiramos em vida, pois essa saudade que hoje dói se tornará remédio fortificador para a nossa alma, mantendo-a sempre viva em nossa lembrança  até o dia glorioso do reencontro.

 Não quero, porém, irmãos que sejais ignorantes cerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais que não têm esperança.
Porque se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com eles.(1 Tessalonicenses 4:13.14) 


Leila Castanha
25/06/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário