Desde que as pessoas se
entendem por gente, também compreendem que o trabalho é necessário para
dignificar o homem. É dele que se tira tudo que necessitamos
para viver. É através dele que podemos escalar os “Everests” da
vida e nos desviar dos “icebergs” no mar agitado do nosso dia a dia.
No entanto, o trabalho
assalariado está cada vez mais escasso e hoje há uma verdadeira competição por
vagas, visto que grande parte das empresas trocou a mão de obra humana pelas máquinas,
dificultando ainda mais ao homem encontrar seu lugar ao sol.
Na realidade, em nossos
dias o maior trabalho que o homem pode ter é o de encontrar trabalho, e quando
o encontra este vem munido de um salário mesquinho e miserável, e ao invés de
dignificar o homem o escraviza, roubando-lhe todo o seu tempo e suas energias
que poderiam ser dispensados em algo enriquecedor como o convívio familiar e a
educação.
Daí se tira a
conclusão de que o trabalho só dignifica o homem quando este pode usá-lo em seu favor, isto é,
quando o homem pode tirar proveito dele, e não como vemos em
nossos dias: pessoas sendo sugadas pelos seus empregos, que tiram sua
liberdade de lazer, e lhes fecham a porta para a educação, mantendo-as
prisioneiras e tornando-as apenas sobreviventes ao invés de possibilitá-las
melhores condições de vida.
Enquanto não fizerem a
relação “trabalho-trabalhador”, o único “homem” que continuará a sentir-se digno,
é o patrão, já que suas contas estão sempre recheadas e em seu julgamento de
valor costuma confundir “moeda” com “moral”, pois a balança que usa para pesar
o quanto é digno são as cifras com as quais compra a consciência dos que os
apoiam.
No entanto, para o
trabalhador, a única dignidade que encontra em seu trabalho é a de não trocar
sua honra surrupiando o dinheiro alheio. É a dignidade de conservar sua
consciência tranquila a ponto de poder dormir amparado pela certeza de que foi
merecedor de cada centavo, e de
muito mais, apesar da miopia egocêntrica de seus superiores não permitir que os
tais enxerguem o quanto seus funcionários são indispensáveis para continuarem a
manter a arrogância de se pressuporem os “Reis da Cocada Preta”.
Leila Castanha
2011
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