A idade é uma coisa que não dá pra segurar
É a janela do tempo que não se pode
fechar
Pode ser rico ou pobre, ser sábio
ou ser demente
O tempo passa depressa pra todo
tipo de gente
Por certo muitas pessoas perderam a
euforia
E ao chegar a idade desenvolveram fobia
Com medo de envelhecer e a pele
desgastar-se
Muitos deles, inclusive, pensaram
suicidar-se.
Esse caminho é traçado para toda
a humanidade
E muitos têm a velhice como uma grande
maldade
Cujo tempo traiçoeiro em silêncio e com
brandura
Sentencia em suas rugas o terror da
sepultura
Alguns veem a idade até mesmo como bênção
No entanto, te garanto, que
muitos assim não pensam
A alma dói ao lembrar-se de seu rosto a
perfeição
Sendo coberto agora por marcas de
expressão
Se franze a boca a ruga nos seus lábios
se aninha
Se sorri, Deus nos acuda, lá vem os pés
de galinha!
A pele flácida e marcada toma o lugar
da beleza
E encarar a idade torna-se grande tristeza
Deixar os cabelos brancos qual noutros
tempos se via
Deus me livre, dirão muitos, cruz
credo, Ave Maria!
Infelizmente, a cultura cujas cãs eram
louvadas
Foi com os velhos antigos
igualmente enterradas
Hoje a velhice se torna numa arma de
suplicio
E muitos, acabrunhados, vão a beira do hospício
Além da própria aparência que nada tem de
esplendores
O velho ainda se enche de
enfado e de dores
Pois a verdade é sombria e a Bíblia já
nos disse:
Canseira e enfado aguardam o limiar da
velhice;
Mas o segredo da vida é viver com
intensidade
Pra reler em cada ruga, registros
da mocidade
Penso, portanto, mais sábio que
chorar a aparência
É manter a juventude priorizando a
essência
Porque se aos olhos apraz
ver na beleza o centro
Requer a alma a beleza de se ser jovem
por dentro
Ter saúde, bom humor e alegria
verdadeira,
Torna a beleza aparente numa terrível
besteira
Não se precisa, portanto, com a velhice
se assombrar
Pois ela há de levar-nos a um ditoso
lugar
Pois cada tempo reserva a sua própria
história
Vivamos, pois, o momento do tempo
chamado “agora”
Gozar hoje o que a
vida para nós tem reservado
E no futuro teremos dos dias o mais
dourados
Pois o que o tempo nos deixa no passar
dessa vivência
É a visão ampliada na lupa da
experiência
A idade é semelhante uma lente de dois
lados
O jovem vê mais de perto, o velho mais
ampliado
O belo nunca se acaba, tão somente se
transforma,
E a velhice é a
vida olhada de outra forma
Na verdade, se quisermos
vivenciar a grandeza
Confiemos à velhice no rumo da natureza
Viver é mais que existir de forma
cronometrada
É deixar em sua vida belas marcas
registradas.
É sentar no banco frio do seu
vigor acabado
Aquecido nas lembranças dos bons anos
do passado.
Leila Castanha
28-06-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário