quinta-feira, 11 de abril de 2013

PROTESTO LINGUÍSTICO



As palavras que compõem nossa Língua e põem com ela ideias mil em nossa mente (Nossa! E como mentem!). São farristas e simplesmente, trapaceiam nossa mente ignorante que, desavisada, usa nossa própria língua para reproduzir os caprichos do que dizem ser nossa Língua, que imponente e misteriosa, ri-se de nosso desconhecimento, mas através de nós mesmos enlaçam nosso pescoço com nós que nos sufocam, pelo simples prazer de alguns aliados seus, divertirem-se a nossas custas.  
A Língua subjuga nossa língua exigindo-lhe que a reproduza com autenticidade. A verdade é que não há nada de autêntico em reproduzir. Como é possível reproduzir algo de novo, se o novo só é novo se o que há não havia?
Reproduzir, cujo inicio para muitos soa ré,  sendo, portanto, “ré-produzir”, que no sotaque dá a entender “produzir para trás”. Pena que não haja tal escrita em nossa Língua, apesar de a língua de muitos a pronunciarem tão autenticamente quanto seria possível para se  adjetivar o estado da Língua Portuguesa, que pretende, sob a tutela de seus representantes, brecar seu crescimento fazendo o povo andar de ré.
Nossa Língua só será uma língua fluente se for livre, se lhe derem liberdade de criar. Se o homem, ser cultural e político, não cria, ainda que dantes cria em seu potencial, ele passará a descrer.Descrer da própria  condição de homem, que, pensante, necessita saber  do que é  capaz.
Embora, bem dissesse Aristóteles, que muito bem fez à humanidade ao deixar bem claro que saber é o saber que nada se sabe, não se pode acreditar que alguns há a creditar a Língua aos poucos eruditos, se é na língua das multidões que a Língua se faz e se expande.
O povo da plebe que de nada sabe, sabiamente nada no saber popular. Se povo é, o popular é o sábio e não os poucos que autenticaram pela gramática o que é correto na Língua. O povo sabe, porém, que reto é aquilo que se partilha, formal ou informalmente, ser reto numa sociedade democrática é ser co-reto. Sei que não há esta palavra dicionarizada, mas continua sendo a verdade, pois reto é aquilo que é justo e cuja retidão é compreendida pelo povo e não apenas por alguns.
A concepção de formal e informal ás vezes é exatamente isso: Mal!
Ambas são conjecturas vãs, visto que a verdade está clara na mente popular  que quer que a gramática arrogante vá comer grama juntamente com os que pressupõem saber os domínios da Língua, como se dela fossem donos.  O perigo do pré no supor é que quem previamente supõe dificilmente se dá ao trabalho de ouvir os que usaram a reflexão.
Reflexão é talvez, a flexão da mente, repetida várias vezes, com a finalidade de quebrar a arrogância do pressupor-se que se sabe tudo. Ela é capaz de tornar a prepotência flexível, ao segredá-la que ela é antes, isto é, pré, mas que, após já há os que, como Bagno, dá um banho de conhecimento linguístico, mostrando aos que acham que a Língua convencionada é forte por si só, que forte mesmo é o povo que com verdadeira autenticidade legitima a Língua.  
Assim sendo, os representantes da Língua precisam entender que, embora haja bem em normatizá-la na escrita, a oralidade é produção da língua de cada um, e dessa forma a primeira deve subjugar-se a segunda, porque assim como a língua sem a boca não tem valor algum, a Língua só é Língua se estiver na boca do povo.

Leila Castanha
04/2013


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