quinta-feira, 16 de maio de 2013

QUE TÉDIO DO MEU TÉDIO!


Estou nutrindo um sentimento amargo e nada desejável. Tem um sabor de coisa podre, estragada, de coisa muito passada. Ele me faz sentir pra baixo, me levando quase a  depressão. É um sentimento de entojo, de canseira, de mesmice. Estou com tédio.
Tudo pra mim é a mesma coisa de ontem, anteontem e antes de anteontem. Nada muda, nada acontece, é tudo igual a todos os dias.  O tédio me consome.
Será que alguém foi suficientemente feliz na vida, a ponto de nunca ter sido apanhado por esse sentimento?  Quem dera mudasse algo na minha vida pra meu tédio entediar-se de outras coisas!
Quero fazer algo diferente, mas não encontro esse algo para fazer, quero ouvir pessoas diferentes, mas todas batem nas mesmas teclas, fazem rodeios diversos, mas os assuntos são sempre os mesmos:  stress por não conseguir emprego, ou por trabalharem demais, falta de dinheiro (quem não tem falta de dinheiro?), até quem tem muito acha que ainda precisa de mais. Preocupações sobre isso e sobre aquilo ou desejo de alcançar isso e aquilo outro.
Nossa! É o velho disco de sempre.  E agora estou com tédio do tédio dos outros.
Ninguém me mostra algo novo. Fico presa entre quatro paredes todos os dias, quer fique em casa, quer no trabalho, é uma chatice fazer as mesmas coisas o tempo todo. Os dias também são todos iguais: amanhece, entardece e anoitece. Levantamos, trabalhamos e dormimos para no próximo dia repetirmos a mesma ladainha.
O tédio é mesmo muito tedioso, porque faz as coisas ficarem ainda mais chatas e enjoativas. O canto do pássaro passa a ser barulho, a chuva torna-se uma tremenda dor de cabeça forçando-nos a curtir nosso tédio sem poder pôr o pé pra fora de casa, as canções são monótonas e já não fazem mais sentido aos nossos ouvidos, as conversas entre amigos tornam-se um cansativo blábláblá. E finalmente, nossos olhos querem fechar e nosso corpo pede uma cama para repousar de tanta mesmice e o sono torna-se um meio de nos transportar mais rápido ao outro dia, para que o  tedioso tempo, passe mais depressa.
Como posso me libertar do tédio se nada nesse mundo muda? Os governantes são sempre iguais, mudam a cara, mas as atitudes são xerocadas. Os serviços são todos do mesmo jeito, sempre tem um pedante pra nos tirar do sério, em casa, é sempre a mesma ladainha, tudo se limpa e depois tudo está sujo novamente, na igreja sempre haverá as ovelhas e os malvados lobos, o bom trigo e as ervas daninhas. Nem eu consigo mudar a mim mesma, pois quando menos espero lá vou eu com os velhos hábitos de sempre.
Minha única saída, então, é elevar a Deus minha tediosa súplica:
“Senhor prive-me de viver nessa vida de tédio antes que o tédio me prive de viver nesta vida. Amém!”

Leila Castanha
22-04-11

Nenhum comentário:

Postar um comentário