Julho de 2013. Minha mãe, minha irmã, meu cunhado e meu
sobrinho vieram à Grande São Paulo em visita aos parentes. A duração de suas visitas seria rápida, por
isso, já próximo ao dia de suas partidas, ainda não haviam tido ocasião de vir
a minha residência. Foram convidados a almoçar na casa de uns, tomar café na
casa de outros e ainda passearem pelos locais históricos na companhia de alguns
parentes, que também procuravam carinhosamente fazerem a sua vez. Eu não tive como sair e mostrar-lhes lugares
interessantes ou comprar-lhes presentes, visto que o dinheiro me era mirrado.
Mas, apreciei muito a estadia de todos no seio de nossa família.
De repente, tive uma ideia meio maluca, mas, realmente
genial. Maluca porque eu estava desempregada, genial porque estas coisas fazem
parte de momentos raros e lembranças duradouras! Resolvi dar um almoço em minha casa para
juntar os filhos, irmãos e suas respectivas famílias. Também convidei mais
algumas famílias próximas a nós para congratular-se conosco. Combinei com as
mulheres da casa e cada uma se responsabilizou por um determinado prato,
enquanto eu corria a retocar a casa e lhes garantir as providências. Os homens se empenharam igualmente dando alguma ajuda e assim foram
todas bem vindas e o almoço saiu.
Eu estava bastante calma por tratar-se de pessoas próximas a
mim. Para não dizer que nada saiu como desejado, restou-me a reclamação do
horário em que o almoço foi servido. Porém, nada fora do normal para um evento
com muitos pratos, assim sendo, foi dentro do esperado. Mesas foram
providenciadas e adornadas conforme permitiam as posses atuais. Os pratos,
copos e talheres espalhados graciosamente sobre o aparador e nas duas mesas
seguintes os alimentos jaziam expostos e prontos para serem devorados. Sobre as
demais mesas, que foram forradas com toalhas brancas, estavam dispostos vários
tipos de saladas contendo em cada uma um molho especial. Cada mão que
participara do “almoço comunitário”, conforme o apelidei, fazia magistralmente aquilo
em que tinha mais habilidade: temperar, cozinhar, adornar, limpar, comprar etc.
Tudo por um propósito em comum: Gozar a presença dos entes queridos, que o
espaço , tempo e a ocasionalidade da
vida providenciaram o afastamento.
Proclamado o momento de iniciar-se o esperado almoço, formou-se
uma fila e todos se serviram como desejaram e aos poucos os pratos foram
esvaziando-se enquanto os estômagos enchiam-se.
As mesas estavam convidativas, pois sobre elas jaziam tentadoras e deliciosas
receitas: Arroz à grega e arroz branco, feijão bem temperado, macarrão ao
creme, frango com tudo dentro acompanhado de sua deliciosa farofa, fricassê de
frango, lombo recheado, bacalhau com rodelas de pimentão, além das saladas já
mencionadas acima.
Após se servirem, cada um retirou-se com seu prato para algum
lugar que desejara. Nos fundos da casa formou-se uma deliciosa roda de
conversa. Na sala outra sessão de bate-papo, nas mesas alguns jogavam conversa
fora, em um dos quartos as crianças divertiam-se com o Playstation 2, enquanto
que em outra área os adolescentes colocavam a conversa em dia. Na cozinha
ficaram as pobres almas que se afogavam em pratos e talheres sujos que pareciam
dar crias. Uns lavando, outros secando e outros ainda dando apoio moral com sua
presença.
Após todos terem se fartado, foi a vez das sobremesas: Creme
de morango, sorvete de chocolate, salada de frutas e uma torta de maçã servida
com um café fresquinho.
Todos saborearam as delícias e algumas horas depois cada um
retirou-se para suas casas. Os filhos de minha mãe, aos poucos voltando aos
seus ninhos, junto das esposas e filhos; os netos separando-se, despedindo-se
dos primos sob protesto de terem que partir; a tia com os primos, deixando
saudade em seu lugar e por fim, só eu e minha família estávamos novamente a
sós, tentando espantar do ar aquela sensação de vazio que ficara na casa há
pouco tempo tão cheia.
A hora passou depressa, mas foi bom enquanto durou. Todos
juntos, como nos velhos tempos que teima em não mais voltar. Uma visita,
portanto, deve ser a desculpa ansiada pelo tempo para fazer seus velhos
gracejos.
Ainda sinto o sabor do momento. Não me lembro bem do gosto
daquelas deliciosas refeições, mas lembro-me perfeitamente do gostinho de quero
mais que perdurou em meu coração, cada vez que me lembro daqueles rostos amigos
e tão bem conhecidos, que o tempo afastou em seus afãs, e da
nova geração que se formou. E sinto-me satisfeita em saber que ainda que os
mais jovens nunca mais tenham a oportunidade de ver seus parentes reunidos, hão
de levar consigo ao menos um resquício da lembrança do que é ter família e no futuro, poderão
olhar pra trás e sentir saudades dos
velhos tempos.
Leila Castanha
07/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário