Estou tensa! O peso da responsabilidade me
dói os ombros e maltrata minha coluna. Carrego sobre os lombos doridos o peso
do mundo. De um mundo pequeno e fechado na qual se insere a minha vida. Contas e mais contas, preço que a
existência me obriga a pagar. Como é caro viver! E olha que a minha vida não
exige tanto quanto a de muitos neste planeta cujo nome nos leva a lembra-nos
que somos apenas forasteiros, com passagem de volta previamente comprada.
Terra, o planeta em que vivemos a vida e que, ironicamente, já traz em si outra
terra cujo lugar é nosso jazigo de morte. Vivemos numa corda bamba e qualquer
descuido é suficiente para passarmos de um alto projeto de vida para o mais
profundo leito de morte.
Estou
tensa! Preciso pagar pela vida e me acho sem emprego. Minha fonte está secando
e minha sede de justiça só aumenta. Preciso viver, no mínimo, sobreviver, mas
como pagar pela vida sem o dinheiro necessário? Estou tensa! Sinto medo dos
credores, que envoltos em suas razões me ligam incessantemente em busca da
cobrança de meus débitos. Desligo o telefone, mas a campainha de meu cérebro
honesto não cessa de tocar lembrando-me de cada pagamento não efetuado. Meu
coração sensível à pressão e meus nervos em retalhos ameaçam tirar minha
sanidade mental por culpa dos meus sensores de honestidade que em mim foram
implantados desde a infância.
Porém, apesar de meu senso
de justiça, não posso pagar pela vida. E
como é cara! Precisamos comprar a paz erguendo altos muros e cercando nossas
casas com grades, necessitamos comprar prazer, investindo nosso dinheiro em
roupas, calçados e acessórios, precisamos comprar bem estar adquirindo peças
diversas que levamos para nossos lares e nossas vidas, somos obrigados a todo o
momento pagar o alto preço pelo nosso futuro, investindo em algo que não nos
deixe ficar na mão quando os credores da vida exigir o pagamento de nossas
contas com os juros decorridos e tantas vezes aumentados.
Estou tensa! Tenho uma
vida para pagar e outras sob minha tutela e não vejo saída. Quero pagar pelo
que comprei e efetuar novas compras conforme exige a necessidade para se viver.
Quero ter em alto grau minha honra e educação. Quero lutar pela minha vida, mas
não há vagas. Quero trabalhar pela minha sobrevivência, mas não tenho
habilitação. Quero voltar a assumir o controle de minha existência, mas não
acho o caminho. Quero
sonhar de novo ao invés de viver nesse emaranhado de pesadelos, mas meu sono é
revolto. Preciso voltar a comprar minha paz, a adquirir minha felicidade, a
possuir meus objetos de prazer, a conquistar meus projetos para o futuro.
Preciso voltar a ser eu e libertar-me da sombra insana que me persegue, do meu
eu perdido e sem rumo.
Estou tensa! Perdi meu
nome, meu respeito, minha alegria, minha paz, meu bem estar, meu prazer, meus
anseios futuros e minhas convicções pessoais. Nos meus registros públicos meu
nome é inadimplência, minhas qualidades resumidas como inadimplente e meu
caráter obscurecido pela dívida.
Estou tensa! Me dói o
corpo por não conseguir relaxar. Minhas vértebras sentem o esforço da tensão
que pressiona minha cabeça. Minhas mãos tão ávidas para o trabalho, tremulam e
entrelaçam-se em preces a Quem pode me fazer descansar:
Só tu Senhor, podes
tirar-me deste charco de lodo e me fazer habitar em lugar seguro!
Por ora, estou cansada de
lutar sem avistar a vitória e meu corpo grita em desespero:
Socorre-me Senhor, estou
tensa, estou tensa, extremamente tensa!
07/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário