O grande problema de nós,
brasileiros, é que somos acostumados a gastar na fartura sem pensar nas
consequências futuras. Gastamos tudo o que temos, e depois fazemos escândalo
porque queremos e não aceitamos não ter nossos desejos a disposição.
Assisti a um filme (10.000
a.C.), no qual o velho sábio contava a sua tribo a seguinte história: Havia um
homem que viva triste porque sonhava em possuir muito e nada tinha. Certo dia,
uma águia lhe perguntou o que queria e o homem lhe respondeu que queria uma
visão ampliada ao que a ave lhe concedeu.
Depois, a onça lhe fez a
mesma pergunta e o homem respondeu que seu desejo era ser forte. O animal lhe
deu a sua força. Um a um, os animais da floresta concederam-lhe os desejos,
doando-lhe o que de melhor possuíam, segundo a vontade do homem.
Por fim, um dia o
homem voltou à natureza para pedir-lhe mais coisas. No entanto, deparou-se com
o Mundo que lhe disse:
- Sinto muito, amigo, mas
você já tirou tudo de bom que eu poderia te conceder, agora não mais existo,
logo, não posso te dar mais nada.
Essa história me fez
refletir sobre a nossa situação em relação à falta de água. Gastamos de
uma vez o que deveria ser gasto em anos, e, depois, queremos exigir da natureza
que nos dê o que precisamos.
A floresta Amazônica é um
dos tristes exemplos da ação devastadora do homem. Na ganância de possuir, suas
árvores foram inescrupulosamente derrubadas e suas matas queimadas, de forma
que parte dessa enorme área verde deixou de existir.
Nossos rios foram sendo
poluídos, e hoje todos os olhares estão voltados na escassez de água que
estamos vivendo. A mídia concentra sua atenção em medidas para recuperar a
perda desse bem comum que é o símbolo da vida. Ninguém pode viver sem água, no
entanto isso tem sido esquecido pelos governantes que só pensam em encher seus
bolsos do cofre público, mas não se lembram de que colheremos amanhã aquilo que
plantamos hoje.
No tempo presente choramos
a falta de água, mas num futuro não muito distante, será a energia que nos
faltará. A energia física, por não possuirmos mais a fonte da vida (pois sem
água ninguém vive), e a energia elétrica (que é gerada por esse líquido
sagrado).
Talvez você pense que
ficar alguns dias sem banho ou com a casa suja não mate ninguém. Muito bem!
Agora reflita: Você sujo, sem ter muito que fazer, pois grande parte de nossas
tarefas diárias exigem a utilização de água, em recesso da escola (sem água as
instituições param), racionando a ida ao trabalho, e... sem Tv, sem internet,
sem telefone (o sagrado celular descarregado por falta de energia), tendo de ir
para a cama por conta da ausência de opção e de luz elétrica.
Paremos com essa atitude
de chorar o leite derramado e passemos a vigiar o ‘leite’ para, pelo menos, não
desperdiça-lo mais por falta de nossos cuidados.
Coletar água da chuva,
utilizar as águas desperdiçadas das máquinas de roupa para lavar o quintal ou a
calçada, ao invés de utilizar mangueiras, que, segundo pesquisas, desperdiçam
enorme quantidade de água, são pequenas atitudes que podem cooperar na
diminuição desse desperdício.
Chega de nos equiparar ao
vizinho retardado que não consegue ver um palmo a frente do próprio nariz, e
sejamos o vizinho correto que inspirará os demais a tomar sábias atitudes.
Sei que o povo não pode
ser o único culpado pela escassez de água, mas todos nós, nas devidas
proporções temos nossas culpas. Provavelmente, não poderemos salvar o
mundo, mas o mundo só é mundo por causa da somatória de pessoas que o compõe.
Assim, cada um fazendo um
pouquinho conforme suas possibilidades poderá tirar nosso planeta dessa crise
seca, e ele retribuirá devolvendo-nos o líquido sagrado, fonte de nossas vidas.
Por Leila Castanha
2014
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